Por um (MAT)rimónio Imaterial Negro
Por um (MAT)rimónio Imaterial Negro
Teatro Garcia de Resende
02 out / 18:00
O património cultural nas suas diversas formas - monumentos, paisagens, celebrações, formas de expressão, coleções, saberes, fazeres, etc. - representa valores de autenticidade e de relevância histórica. Além disso, ele também pode representar uma poderosa narrativa sobre a “identidade” nacional, de modo que o processo de tombamento, ou de registo, geralmente são efetuados quando um bem cultural representa expressões artísticas e históricas entendidas como relevantes para um grupo social, ou para um país. Na margem oposta, políticas de migração, planeamento urbano com base na segregação racial e violentos processos de despejos de comunidades negras em Portugal, complexificam uma discussão sobre o património material e imaterial dessa população. Quais são as vozes e corpos políticos que clamam por uma autogestão do património? Como os grupos subalternizados e oprimidos, muitas vezes destituídos de propriedade, se inserem nas políticas de representação do património cultural e propriedade intelectual de um país? Como podemos pensar em acervos, políticas públicas, historiografia, legado e mapeamento, para consolidar os diversos patrimónios da população negra em Portugal? A UNA organiza, portanto, a Conferência-dança Por um (MAT)rimónio Imaterial Negro, no âmbito do Festival Imaterial, para reflectirmos sobre o que tem sido reservado à população negra em Portugal nos processos de definição e ressignificação do património material e imaterial do país. Serão duas horas de encontro e entrega, com o público do festival, no intuito de promover a experiência de ativação dos corpos, a partir da estimulação das mentes em harmonização com os afetos.

Associação União Negra das Artes — ANA TICA / IRIS DE BRITO / MAÍRA ZENUN / PINY

Manifesto a Crioulização, uma Poética de Partilha para Multiplicar
Manifesto a Crioulização, uma Poética de Partilha para Multiplicar
Teatro Garcia de Resende
03 out / 18:00
Músico, escritor e pensador essencial da cultura cabo-verdiana, Mário Lúcio Sousa é o autor deste Manifesto a Crioulização, no qual defende que todos os povos e todos os indivíduos são crioulos, uma vez que as evidências antropológicas apontam para múltiplas raízes na genealogia de cada habitante do planeta. Em defesa do conceito de “crioulização”, o manifesto defende uma identidade complexa e miscigenada, por oposição às tendências de demarcação de territórios pretensamente puros. Em suma, Mário Lúcio Sousa clama pela evolução até um estádio da crioulização em que se fale de uma humanidade, de um colectivo que a todos inclui e que acolhe na sua essência a pluralidade de vozes do mundo.

MÁRIO LÚCIO SOUSA

Escritor, músico, Ministro da Cultura de Cabo Verde (2011-2016), Prémio PEN Clube Português de Narrativa e Prémio Literário Miguel Torga.
Apresentação do projecto “É preciso avisar toda a gente”
Apresentação do projecto “É preciso avisar toda a gente”
Teatro Garcia de Resende
05 out / 18:00

Apresentação do projecto “É preciso avisar toda a gente”: Música e exílio em França durante o regime do Estado Novo (1933-1974)


É conhecido o papel fundamental da música enquanto instrumento de resistência cultural e de contestação política durante a ditadura portuguesa, sob a forma de canções de protesto cantadas em reuniões clandestinas, greves, manifestações não autorizadas ou comícios estudantis. Muitos dos autores destas canções estiveram exilados em França, destino frequente daqueles que se recusaram a viver com a sua liberdade manietada. Este projecto, que reúne especialistas em diferentes domínios (musicologia, etnomusicologia, história política, social e cultural, estudos de teatro e cinema), propõe-se estudar o impacto da experiência do exílio político na criação musical, a partir do levantamento de documentos em Portugal
e em França relativos a este período, e da recolha de testemunhos orais.

MANUEL DENIZ SILVA

Musicólogo, professor na NOVA FCSH, investigador do INET-md, coordenador do projecto “É preciso avisar toda a gente”.

RICARDO ANDRADE

Etnomusicólogo, investigador do INET-md, curador do Centro de Estudos e Documentação José Mário Branco - Música e Liberdade.

HUGO CASTRO

Etnomusicólogo, investigador do INET-md, curador do Centro de Estudos e Documentação José Mário Branco - Música e Liberdade.
Tango e Chamamé. Duas Músicas e Danças Patrimoniais da Argentina.
Tango e Chamamé. Duas Músicas e Danças Patrimoniais da Argentina.
Palácio Dom Manuel
06 out / 18:00

Tango e Chamamé. Duas Músicas e Danças Patrimoniais da Argentina. Clássicos e Futuros Clássicos

O tango e o chamamé são desde 2009 e 2020, respectivamente, Património Imaterial da Humanidade de acordo com a UNESCO. E são duas expressões maiores da cultura argentina, com as suas próprias melodias, poéticas e danças, a primeira de cariz urbana, a segunda de origem rural. A uni-las, por outro lado, um instrumento que lhes é comum – o bandoneón. Mas partilham também um semelhante diálogo entre a tradição e a inovação que faz de ambas as linguagens vivas e sintonizadas com o presente. Liliana Barela falar-nos-á das histórias destas duas músicas, das origens e das suas proibições, conduzindo-nos até ao momento que hoje atravessam.

LILIANA GRACIELA BARELA

Professora de História, directora geral do Património e Instituto Histórico da Cidade de Buenos Aires (2007-2015), coordenadora da candidatura do Tango e Património Imaterial da Humanidade.
Estado Geral do Cante em 2022
Estado Geral do Cante em 2022
Palácio Dom Manuel
07 out / 18:00
Após o entusiasmo e a euforia em torno da inscrição pela UNESCO do cante alentejano enquanto Património Imaterial da Humanidade, em 2014, o que se passou com este canto coral polifónico? Três vozes estudiosas do cante reúnem-se não apenas para discutir o processo histórico que transformou uma prática espontânea num património reconhecido institucionalmente, mas também para trocar ideias sobre o impacto que a distinção da UNESCO teve na preservação, na revitalização e na divulgação desta música. Porque depois da festa vêm as preocupações com a sobrevivência de um género que luta contra o envelhecimento da população, o êxodo para os grandes centros urbanos e a transmissão de uma tradição num mundo cada vez mais como global.

PAULO LIMA

Antropólogo, coordenador das candidaturas do Cante Alentejano, do Fabrico de Chocalho e da Morna (Cabo Verde) à Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da UNESCO.

FRANCISCO TORRÃO

Mestre de Cante Alentejano, fundador do grupo coral Cantadores do Desassossego.

JOSÉ GUERREIRO

Coordenador do Observatório do Cante Alentejano e do Centro de Documentação do Cante Alentejano.
Apresentação do livro “Severa 1820”
Apresentação do livro “Severa 1820”
Palácio Dom Manuel
08 out / 16:00

Edição comemorativa do duplo centenário do nascimento de Maria Severa Onofriana (1820-1846) e dos Dez Anos da inscrição do Fado na Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da UNESCO (2011-2021)

O livro Severa 1820, é um trabalho no qual se cruza a história e a reflexão crítica sobre o Fado, canção de Lisboa. Tomando como figura central Maria Onofriana Severa (1820-1846), uma das mais importantes, e desconhecidas, personagens da história do Fado, e ícone de Lisboa, procura-se desvendar a sua vida real, acompanhando a sua transformação em mito urbano. Cruza-se esta construção com o processo histórico que levou o Fado a ser inscrito pela UNESCO, em 2011, como Património Mundial. Este livro é também, e antes de mais, um livro político, questionando o acesso e o habitar da Cidade pelas margens ‘invisíveis’. É uma obra coletiva que junta alguns dos maiores especialistas portugueses sobre estas temáticas. Tem a coordenação do antropólogo Paulo Lima e é uma edição Tradisom.

PAULO LIMA

Antropólogo, coordenador das candidaturas do Cante Alentejano, do Fabrico de Chocalho e da Morna (Cabo Verde) à Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da UNESCO.

JOSÉ MOÇAS

Director da editora Tradisom, professor auxiliar convidado do INET – Instituto de Etnomusicologia de Aveiro.
O contínuo apartheid na música internacional. Colonialismo e racismo nos mass media
O contínuo apartheid na música internacional. Colonialismo e racismo nos mass media
Palácio Dom Manuel
08 out / 18:00
A partir da experiência de Ian Brennan enquanto produtor (Tinariwen, Zomba Prison Project, Ustad Saami) e autor, e de Marilena Umuhoza Delli enquanto documentarista com gravações de campo em países como Ruanda, Comoros, Kosovo, Vietname e Roménia, este é um espaço de discussão sobre a escassez de diversidade regional, de classe e linguística no universo da cultura popular. Munidos de dados sobre a indústria musical planetária controlada por multinacionais e sobre a reduzida elite que concentra quase toda a atenção e os proveitos das plataformas digitais, Brennan e Umuhoza interrogam a zona de exclusão anti-democrática em que se tornaram os grandes divulgadores da música à escala mundial.

IAN BRENNAN

Produtor musical, vencedor de dois Grammy (Zomba Prison, Project, Tinariwen), autor de sete livros, colaborador pontual do New York Times e da PBS Television.

MARILENA UMUHOZA DELLI

Autora, documentarista e fotógrafa publicada por BBC, CNN, Al Jazeera, The Guardian, VICE, Litération, Rolling Stone, Smithsonia ou New York Times.