Like a God When He Plays
Like a God When He Plays
madagáscar 1997
Auditório Soror Mariana
02 out / 15:30
Com a presença da realizadora


Like a God When He Plays apresenta a música única, e de tirar o fôlego, da ilha mais antiga do planeta. No seu isolamento, evoluíram no Madagáscar plantas e animais que não são encontrados em nenhum outro lugar da Terra. Complementando essa biodiversidade, há uma complexa rede cultural de pessoas que se estabeleceram na ilha ao longo dos séculos, vindos da Indonésia, Índia, Pérsia, País de Gales e África. A música da ilha reflete essas fusões únicas de influência, especialmente naquele que é conhecido como o instrumento nacional do Madagáscar, a valiha, um instrumento de cordas do tipo cítara com muitas variações encontradas em toda a ilha, incluindo o marovany, tornado famoso pelo lendário músico Rakotozafy (1933-74), que morreu em circunstâncias misteriosas. Like a God When He Plays segue Paddy Bush, um músico e fabricante de instrumentos irlandês (irmão da famosa cantora Kate Bush), e o seu irmão espiritual Justin Vali, considerado o maior músico vivo da valiha, enquanto atravessam a ilha através de dramáticas paisagens para assistir à cerimônia de reenterro (famadihana) de seu herói musical, Rakotozafy, na sua aldeia natal, perto do Lago Alaotra. Nesta viagem emocionante, eles brindam os públicos locais deslumbrados com duetos de valiha encantadores.

CELIA LOWENSTEIN

É uma realizadora/produtora/escritora cujos filmes são um híbrido de estilos que incluem ficção narrativa, musicais, documentários e filmes em verso. Com interesse pessoal em música, ciência, arte, poesia e o discurso de ideias, os seus filmes foram exibidos em salas de cinema, festivais, e exibidos na BBC, Channel 4 (UK), Channel 5 (UK), ARTE/ZDF (Alemanha e França), canais PBS, Animal Planet, NOVA, National Geographic, HBO, Discovery e Biography. Em 2019, foi premiada com Melhor Documentário no International Women’s Film Festival pelo seu filme sobre a história do povo judeu através da arquitetura da sinagoga. Enquanto trabalha atualmente em vários projetos cinematográficos, vive entre Paris e Santa Fé, Novo México.
Polyphonia
Polyphonia
albânia 2012
Auditório Soror Mariana
03 out / 15:30

Albania’s Forgotten Voices

Realizado por BJÖRN REINHARDT e ECKEHARD PISTRICK [DE / AL]
87”

Filme apresentado por Lucy Durán


A música albanesa é muitas vezes considerada o “segredo mais bem guardado” dos Balcãs. Neste filme notável, lento e íntimo, acompanhamos dois pastores de ovelhas numa comunidade remota nas montanhas albanesas de Shpati. Arif, muçulmano, e Anastas, cristão ortodoxo, são amigos há anos, apesar das barreiras religiosas. A sua profunda amizade é constantemente fortalecida pela união na tradição local da polifonia “a capella”. Em 2005 este canto coral, um dos mais antigos da Europa, foi declarado Património Mundial da UNESCO. E, no entanto, permanece pouco documentado. O filme é um retrato da pobreza severa, dos destinos duros e do poder quase mágico da voz humana, que ajuda as pessoas nas montanhas Shpati a dominar a sua rotina diária surreal, durante uma fase contraditória de mudança pós-socialista onde a migração internacional, nomeadamente para a Grécia, Itália, Alemanha e Reino Unido, afetou uma em cada duas famílias. Mostra também que sonhar com um turismo cultural local sustentável é confrontar outras ideias para a construção de uma estância de desportos de inverno – uma utopia turística, tendo em conta as estações de inverno cada vez mais quentes na região de Shpati. Noutro nível, o filme é um exemplo de como a música – mesmo nos Bálcãs – pode construir pontes entre pessoas e religiões.

ECKEHARD PISTRICK

Etnomusicólogo Alemão, Professor Assistente no Instituto de Etnomusicologia Europeia da Universidade de Colónia, com foco principal na Música nos Balcãs. Autor da aclamada publicação Performing Nostalgia - Migration Culture and Creativity in South Albania (Ashgate, 2015).

BJÖRN REINHARDT

Estudou cenografia na Art High School em Berlim. Até 2001 trabalhou como cenógrafo e assistente de realização para a Zeitzeugen TV. Em 1995 realizou o seu primeiro documentário, After Seven Castles, desde 2002 vive e trabalha em Maramures na Roménia, como realizador independente de documentários.

LUCY DURÁN

Professora do Departamento de Música na SOAS London University, fez um trabalho intenso de pesquisa na Albânia, apresentando documen­tários da BBC Radio3 sobre música tradicional e produziu dois álbuns de música tradicional urbana Albanesa, de Tirana e Shkodra.
Elders’ Corner: A Musical Voyage of Rediscovery
Elders’ Corner: A Musical Voyage of Rediscovery
nigéria 2021
Auditório Soror Mariana
04 out / 18:00
Realizado por SIJI AWOYINKA [NG / UK / USA]
96”

Com a presença do realizador


Dos sons coloridos e comemorativos de Juju e Highlife à urgência politizada de Afrobeat, músicos nigerianos lideraram alguns dos movimentos musicais mais proeminentes da África a partir de meados do século XX. O seu trabalho formou o pano de fundo contra o qual a nação floresceu após a independência. Então, o que aconteceu com os artistas pioneiros que ganharam destaque durante os anos felizes do país? Elder’s Corner é uma história comovente de retorno e descoberta através da memória e da música. O realizador, cantor, compositor e produtor Siji Awoyinka passou os seus anos de formação em Lagos durante o boom petrolífero da década de 1970, quando a cidade era uma metrópole movimentada, mas a turbulência política na década de 1980 afastou Awoyinka e a sua família da sua terra natal durante 23 anos. Elder’s Corner segue seu regresso à Nigéria para conversar com alguns dos grandes músicos veteranos da era pós-independência do país: como os lendários líderes da banda Highlife, nomeadamente E.C. Arinze, Victor Olaiya e Victor Uwaifo (“Guitar boy”) - todos falecidos desde então - além das carismáticas vocalistas Mary Afi-Usuah e as Lijadu Sisters, entre outros. Refletem sobre o impacto dos tumultos políticos da Nigéria na música, com as paisagens urbanas vibrantes mas desafiadoras do país como cenário. Entrelaçada ao longo deste desenlace está a busca pessoal de Siji pela reconciliação com o passado e com suas próprias raízes musicais. Com música, entrevistas e imagens de arquivo impressionantes, Elder’s Corner é um conto épico de sobrevivência, uma janela para a cultura popular da África e o inegável poder da música em reconectar o passado com o presente.

SIJI AWOYINKA

É um multidisciplinar contador de histórias auditivo e visual. Nascido no Reino Unido de pais nigerianos, ele passou grande parte de sua infância em Lagos e Londres antes de ir aos Estados Unidos para perseguir ainda mais suas ambições musicais. Os seus trabalhos musicais aclamados pela crítica incluem God-given (BBE 2004), AdeSIJI (IVY 2008) e Home Grown (IVY 2014); também contribuiu com composição e produção musical para projetos de Salif Keita, Cesaria Evora, Osunlade e Wunmi. Os seus vídeos ousados e visualmente atraentes; Yearning For Home, Morenike, Ijo, Lagos Lullabye, apareceram em vários canais importantes, incluindo a MTV, BBC, VH1, BET e muitos outros. O seu premiado documentário, Elder’s Corner (2020) estreou no Sheffield Docs, Reino Unido, bem como no DOC NYC.
All Mighty Mama Djombo
All Mighty Mama Djombo
frança / guiné-bissau 2022
Auditório Soror Mariana
05 out / 15:30
Realizado por SYLVAIN PRUDHOMME e PHILIPPE BÉZIAT
58”

Filme apresentado por Lucy Durán


O carismático cantor e compositor Malan Mané vive há 30 anos no exílio em Montreuil, França, como trabalhador imigrante anónimo. No entanto, ele já foi a estrela de uma das melhores e mais lendárias bandas da África Ocidental, Super Mama Djombo, da Guiné-Bissau - um pequeno e belo país que sofreu com o domínio colonial opressivo e depois com guerras civis e mau governo. Malan de repente viu a sua vida mudar quando recebeu um convite para regressar à sua terra natal para se apresentar à frente de 100.000 pessoas. Acompanhamo-lo nesta viagem emocionante ao reencontrar familiares e antigos colegas de música, e aventurar-se nos luxuriantes remansos da floresta de Bissau, para conhecer a história do nome da banda, que se confunde com santuários animistas e já foi símbolo de resistência ao domínio colonial. De volta à Europa, inspirado por esse reencontro, Malan entra em estúdio para gravar o álbum acústico com o qual sempre sonhou, numa reviravolta incrível do destino. All Mighty Mama Djombo foi realizado pelo artista e cineasta francês Philippe Béziat, autor de mais de vinte documentários para cinema e televisão, sobre temas da música clássica, como Pelléas and Mélisande, The Song of the Blind, The Wedding, Strawinsky-Ramuz e Becoming Traviata. Béziat fez ainda a captação em filme de várias óperas, e o design de vídeo para produções de dança e ópera. O filme All Mighty Mama Djombo é baseado no romance Les Grands (Gallimard, 2014), do premiado autor francês Sylvain Prudhomme, que depois da infância passada em África (Camarões, Níger, Burundi, Maurícias), estudou literatura em Paris e começou a escrever romances e reportagens inspirados na África contemporânea. Les Grands conta a história de ex-integrantes da banda Guineense Super Mama Djombo, famosa nos anos 1970, mas agora dispersa.

LUCY DURÁN

Professora do Departamento de Música na SOAS London University, é especializada em música da África Ocidental e trabalhou na Guiné-Bissau, produziu um álbum de um importante músico Guineense e apresentou também documentários da BBC Radio 3 sobre as tradições musicais do país.
Povo Que Canta
Povo Que Canta
portugal 1972
Auditório Soror Mariana
06 out / 15:30
[seleção de três filmes da colectânea Povo que Canta, dos Arquivos da RTP]

Autoria MICHEL GIACOMETTI
Realizado por ALFREDO TROPA [PT]
60”

Filme apresentado por LUÍSA TIAGO DE OLIVEIRA (ISCTE)


Série da autoria do etnomusicólogo Michel Giacometti, exibida entre 1971 e 1974. Uma viagem pelo Portugal profundo, em busca das imagens e das vozes com que se produziu uma das mais importantes recolhas antológicas de sempre da música regional portuguesa. Serão exibidos os excertos, O S. João na Tradição Musical Popular 1972, Cantos e Ritmos de Trabalho 1962 e Cantos do Trabalho 1972. O Alentejo, a bela província do centro e sul de Portugal onde se localiza Évora, possui uma rica tradição musical, ligada ao ciclo agrícola e às festas religiosas (por exemplo, de São João). Muitos desses estilos musicais notáveis, com canções de homens e mulheres para coordenar o duro trabalho manual da agricultura e da pesca, estão a desaparecer no século XXI juntamente com os antigos modos de vida, à medida que a própria terra é transformada pela agricultura industrializada. Extraído do arquivo da RTP [Rádio e Televisão de Portugal], apresentamos uma seleção de Povo Que Canta, com antigas imagens etnográficas a preto e branco filmadas no interior e litoral portugueses entre 1962-72. Felizmente, os grupos corais a cappella de Portugal, como os Cantares de Évora e os Cantadores de Desassossego, que se apresentam no programa do Festival Imaterial, mantêm vivas algumas destas tradições centenárias. Estes filmes são uma rara e fascinante janela para uma época passada da Península Ibérica.

MICHEL GIACOMETTI

Foi um etnomusicólogo francês, nascido na Córsega, que se mudou para Portugal em 1959 para pesquisar e documentar a música tradicional do país. Entre 1970-74 viajou pelo país com uma equipa de cinema e som da RTP (Rádio Televisão Portuguesa), criando a notável série “Povo Que Canta”, um registo documental único do património imaterial musical de Portugal, mas também das desigualdades e as condições de trabalho explorado da época.

LUÍSA TIAGO DE OLIVEIRA

Doutorada em História Moderna e Contemporânea em 2000 pelo ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa. Professora Auxiliar no ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa e investigadora integrada do CIES Centro de Investigação e Estudos de Sociologia.
Sigo Siendo
Sigo Siendo
peru 2013
Auditório Soror Mariana
07 out / 15:30
Realizado por JAVIER CORCUERA
1’57”

Com a presença de Sara Van, artista Peruana do elenco do filme


Sigo Siendo [Kachkaniraqmi] deriva seu título de uma frase Quéchua – que significa “apesar de todos os desafios da vida, eu ainda existo”. (Citado do célebre escritor e etnógrafo do Peru José María Arguedas). Isso dá o tom para este filme extraordinário que documenta a notável diversidade, beleza e fragilidade da cultura musical do Peru nas mãos de algumas de suas populações mais marginalizadas que conseguem manter as suas tradições vivas como uma orgulhosa expressão de identidade. Com algumas exceções, como a cantora afroperuana Susana Baca e Magaly Solier de Ayacucho, a música e os artistas apresentados neste documentário são pouco conhecidos fora de suas regiões nativas. O filme retrata a vida de artistas que estão enraizados em antigos modos de vida que evoluíram ao longo da história e nas variadas paisagens do Peru: na Amazónia, até os altos Andes com as suas harpas e charangos, e até Lima e o litoral, com sua forte herança afroperuana. Mas também vemos algumas interações inesperadas entre gerações e regiões. Em todos os lugares vemos a ligação direta que os músicos fazem entre a terra, a água, o terreno montanhoso, os animais e o mundo espiritual, onde a canção, a dança e a música instrumental têm o poder de expressar alegria e aliviar a dor. Com atuações emocionantes filmadas em lugares remotos e acidentados de todo o país, o filme mostra algumas das tradições musicais menos conhecidas, mais expressivas e talvez mais ameaçadas do mundo.

JAVIER CORCUERA

É um dos realizadores de documentários mais eloquentes e socialmente empenhados do Peru. Nascido e criado em Lima, estudou cinema primeiro no Peru e depois em Madrid, onde vive atualmente. Ao longo de duas décadas, os seus premiados filmes, focam temas de preocupação humanitária de todo o mundo, como seu primeiro documentário de longa-metragem, La Espalda del Mundo (2000), que retrata três estudos de caso de abuso de direitos humanos no Peru, Turquia e nos EUA. Outros filmes incluem La Guerrilla de la Memoria (2002) sobre a resistência oculta a Franco após a Guerra Civil Espanhola, e Winter in Baghdad (2005) sobre a ocupação do Iraque pelos EUA.

SARA VAN

É cantora e faz parte do extraordinário elenco de artistas Peruanos retratados no filme Sigo Siendo. Professora de línguas e artista multifacetada radicada em Madrid. Como compositora e intérprete, o seu repertório é eclético, essencialmente inspirado na música popular peruana que combina com sons que vão do tango ao rock, passando pelo folk, copla ou chanson.